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Split Payment no Brasil: Simplifique o Pagamento de Impostos e Economize

Publicada em: 25-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Split Payment: A Revolução Tributária que Chega em 2026 e seus Desafios

A Reforma Tributária, com implementação a partir de 2026, promete diversas transformações no cenário empresarial brasileiro. Dentre as novidades, o split payment, ou pagamento fracionado, se destaca como uma das mais impactantes e, ao mesmo tempo, desafiadoras. Este mecanismo visa mudar a forma como os novos tributos sobre consumo, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), serão recolhidos, prometendo modernização, mas exigindo adaptação.

Como Funciona o Split Payment?

O split payment separa automaticamente o valor dos impostos no momento da transação comercial. Ao efetuar um pagamento, o consumidor vê o valor ser dividido em duas partes: uma parte vai diretamente para os cofres públicos (Receita Federal e Comitê Gestor do IBS) e a outra é repassada ao fornecedor. O objetivo principal é combater a sonegação, inadimplência e fraudes fiscais, além de garantir uma arrecadação imediata e transparente.

Impactos e Desafios para as Empresas

Apesar dos benefícios, o split payment apresenta desafios significativos:

  • Impacto no Fluxo de Caixa: A arrecadação imediata pode afetar o fluxo de caixa das empresas, que perdem o tempo de posse do dinheiro até o vencimento do imposto.
  • Infraestrutura Tecnológica: A implantação exige uma infraestrutura tecnológica robusta para processar milhões de operações em tempo real, demandando integração entre bancos, Fisco e sistemas empresariais.
  • Complexidade e Governança Fiscal: A necessidade de uma governança fiscal integrada e a complexidade dos três modelos de split payment (Simplificado, com Gestão de Créditos e Inteligente) exigem adaptação e conhecimento.

Modelos de Split Payment

  1. Split Simplificado: Voltado para operações com consumidores finais, com alíquota pré-definida.
  2. Split com Gestão de Créditos: Reconhece créditos tributários acumulados e ajusta o valor líquido automaticamente.
  3. Split Inteligente: O mais avançado, fará a validação em tempo real de débitos e créditos em toda a cadeia de fornecedores.

O Que Dizem os Especialistas

Especialistas como Paulo Zirnberger de Castro (CEO da Omnitax) apontam que o split payment inaugura o conceito de "imposto em tempo real", tornando a arrecadação mais segura. No entanto, a advogada tributarista Francine de Barros destaca que a tecnologia será o ponto crítico da transição, exigindo forte integração com os bancos e o Fisco. Caio Ruotolo (sócio do Silveira Advogados) ressalta que o modelo, já utilizado em outros países, é eficaz contra fraudes e oferece ressarcimentos automáticos. Morvan Meirelles Costa Junior (sócio do Meirelles Costa Advogados) alerta para a necessidade de investimentos em tecnologia e a responsabilidade solidária em alguns casos.

Preparando-se para a Mudança

A fim de se adaptarem efetivamente a essa nova realidade, as empresas precisam se antecipar e tomar medidas importantes:

  • Simulação de Cenários: Avaliar o impacto financeiro do split payment em seus negócios.
  • Revisão de Sistemas: Adaptar sistemas de ERP, conciliação financeira e gestão de crédito tributário.
  • Treinamento de Equipes: Preparar as equipes para entender e lidar com as mudanças.

Francine de Barros enfatiza que 2026 será um ano de testes, com empresas e Receita Federal aprendendo juntas. A orientação é simular impactos e planejar ajustes financeiros e tecnológicos. Embora o modelo final seja promissor, o caminho até a implementação plena exigirá ajustes.

O Que Ainda Falta Definir

Apesar das diretrizes estabelecidas na Lei Complementar nº 214/2025, diversos pontos ainda dependem de regulamentação, como alíquotas, funcionamento das plataformas eletrônicas e regras de compensação de créditos. A transição, segundo Francine, deve ser feita em colaboração entre o setor privado, governo, Receita Federal, Comitê Gestor do IBS e bancos, reforçando a fase inicial como um período de testes.

Com o split payment, o futuro da tributação no Brasil se mostra promissor, mas a preparação e a adaptação serão cruciais para que as empresas aproveitem ao máximo os benefícios dessa inovação.