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Reforma Casa Brasil: FGV estima impacto de R$ 52 bi no PIB e R$ 20 bi em impostos

Publicada em: 26-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Reforma Casa Brasil: Um Impulso Bilionário para a Economia e o Setor de Construção

O programa Reforma Casa Brasil, lançado recentemente pelo governo federal, promete injetar um grande fôlego na economia brasileira, com potencial para adicionar R$ 52,9 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, a iniciativa pode gerar um aumento significativo na arrecadação de impostos, chegando a quase R$ 20 bilhões. Os dados são de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), divulgado com exclusividade.

Foco na Classe Média e Impacto no Setor de Construção

Com foco na classe média, o programa disponibilizará R$ 40 bilhões em crédito habitacional para reformas e ampliações de residências de famílias que já possuem casa própria, mas enfrentam problemas estruturais ou de adequação. Caso o montante fosse liberado em um único ano, o impacto no PIB da construção, tanto em empresas quanto em autoconstrução, seria de R$ 17,7 bilhões. Isso corresponderia a 4,9% do PIB setorial estimado para 2024. Em termos gerais, o programa poderia adicionar 0,38 ponto percentual ao PIB, considerando os efeitos diretos, indiretos e induzidos.

Os efeitos indiretos abrangem o aumento na demanda por materiais, gerando R$ 35,2 bilhões, ou 4,8% da produção do setor. A movimentação da cadeia produtiva, desde a indústria de materiais até o comércio, gera empregos e renda, impulsionando a economia.

Arrecadação de Impostos e Desafios

O programa também resultaria em um aumento considerável na arrecadação de impostos, com um acréscimo de R$ 19,6 bilhões, quase metade do valor do crédito anunciado. A pesquisa destaca os fortes efeitos de encadeamento produtivo do setor da construção como principal fator para esse aumento.

Apesar do potencial, a operacionalização do programa dependerá de como os recursos serão liberados. A coordenadora de Projetos da Construção no Ibre/FGV, Ana Maria Castelo, ressalta a importância de o governo acompanhar e corrigir eventuais distorções. Dados da Fundação João Pinheiro indicam que, em 2023, 27,6 milhões de domicílios apresentavam inadequações, o que reforça a necessidade de ação.

Escassez de Mão de Obra: Um Desafio a Ser Superado

Um dos principais desafios do programa é a escassez de mão de obra. Caso haja dificuldades na contratação de trabalhadores, a liberação do crédito pode ser impactada. O governo precisará agir para treinar mais profissionais e resolver essa questão.

O setor da construção civil registra o maior salário médio de admissão com carteira assinada, de R$ 2.462,70 em agosto, superando a média global de R$ 2.295,01. A escassez de mão de obra tem levado os empregadores a oferecer salários maiores, mas, mesmo assim, a dificuldade em encontrar profissionais persiste.

Apesar da escassez, a Sondagem da Construção da FGV indica que as empresas operam com relativa ociosidade e estoques adequados, o que pode mitigar o impacto inflacionário do programa nos preços dos materiais. O INCC-DI acumulou alta de 6,78% em 12 meses até setembro, com o custo da mão de obra pressionando a inflação da construção.