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Marcos Lisboa: Brasil Protege Empresas Ruins e Dificulta Crescimento Econômico

Publicada em: 26-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Brasil e a Armadilha da Proteção: Uma Análise de Marcos Lisboa sobre Produtividade e Crescimento

O Brasil, segundo o economista Marcos Lisboa, enfrenta um entrave crucial para o crescimento e a produtividade: a proteção excessiva a empresas ineficientes. Em entrevista ao Outliers Infomoney, Lisboa traça um panorama preocupante e apresenta caminhos para o desenvolvimento econômico do país.

A Proteção que Impede o Progresso

Lisboa critica a tendência brasileira de blindar empresas em dificuldades, especialmente as pequenas e médias. Ele argumenta que essa prática, embora movida por boas intenções, sufoca a inovação e o crescimento. "Isso significa que o país vai crescer menos", sentencia.

O economista compara o Brasil a outros países, inclusive aqueles com forte presença estatal, como a França. Nestes, a dinâmica da competição, com a entrada e saída de empresas, impulsiona a produtividade. "Esse é o mundo duro da competição, mas é o mundo que leva aos ganhos de produtividade", explica.

O Agro como Exemplo de Sucesso

Em contraste com a indústria tradicional, o setor agropecuário brasileiro é apresentado como um modelo de sucesso. Lisboa destaca a abertura econômica, o investimento em capital humano e a busca por inovação como fatores-chave. "Muitas empresas do agro quebraram, mas o setor avançou", ressalta, mostrando que o fracasso, sob a ótica da produtividade, pode ser um catalisador.

O Fracasso como Motor do Desenvolvimento

A lição de Lisboa é clara: a busca por produtividade exige a aceitação do fracasso. "Você não pode querer ganhar produtividade protegendo ineficientes", afirma. A mentalidade protecionista, segundo ele, também se reflete no ensino e na pesquisa econômica, carentes de evidências empíricas e de uma abordagem mais pragmática.

Experiências Internacionais como Referência

Lisboa cita exemplos de sucesso no exterior, como Coreia do Sul, Irlanda, Chile e Austrália. Na Austrália, a abertura econômica, a reforma educacional e o investimento em capital humano impulsionaram a produtividade e o crescimento, levando o país a passar 30 anos sem recessão.

O economista enfatiza que as políticas públicas devem incentivar a inovação e a concorrência, não proteger empresas. O Estado tem um papel fundamental na pesquisa, na inovação e na defesa da concorrência, mas não na concessão de benesses e na restrição do mercado. A abordagem gradual, baseada em evidências e com avaliação contínua, é vista como a mais eficaz para o desenvolvimento econômico.

Lições para o Brasil

As análises de Marcos Lisboa oferecem um olhar crítico sobre a economia brasileira e suas perspectivas. Ao destacar a importância da competição, da inovação e da abertura econômica, o economista aponta para um caminho de crescimento sustentável, baseado em evidências e em experiências internacionais bem-sucedidas. A mensagem central é clara: o Brasil precisa abandonar a armadilha da proteção e abraçar a dinâmica da competição para alcançar a produtividade e o desenvolvimento que tanto almeja.