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Lula Responde a Ameaças com Firmeza: 'Nações Não Cederão a Tarifas Irresponsáveis'

Publicada em: 25-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Lula na Malásia: Fortalecimento do Sul Global e Críticas a Taxações

Em um discurso contundente na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva delineou as prioridades da política externa brasileira, focando no fortalecimento do diálogo e da cooperação entre os países do Sul Global. O evento, que conferiu a Lula o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia e Desenvolvimento Internacional e Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia, serviu de palco para críticas diretas a práticas comerciais consideradas prejudiciais ao Brasil.

Críticas às Tarifas e Defesa do Diálogo

As declarações de Lula ocorreram às vésperas de um encontro com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs sobretaxas significativas sobre produtos brasileiros, totalizando 50% em alguns casos. O presidente brasileiro condenou veementemente essa postura, argumentando que tarifas não devem ser usadas como ferramentas de coerção. Ele enfatizou a importância da união dos países do Sul Global e a busca por um mundo mais justo e com menos desigualdades.

“Somos a maioria da população mundial e compartilhamos do mesmo desejo de justiça e superação das desigualdades. Rejeitamos a lógica da guerra como continuidade da política. Tarifas não são mecanismos de coerção. Nações que não se dobraram ao colonialismo e à dicotomia da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis.” - Luiz Inácio Lula da Silva

Reunião com Trump: Expectativas e Possíveis Acordos

A iminente reunião com Trump foi marcada por expectativas e cautela. Lula demonstrou otimismo quanto à possibilidade de reverter as taxações, buscando restabelecer uma relação comercial mais fluida e "civilizada" com os Estados Unidos. Em entrevistas, o presidente brasileiro mencionou a importância de esclarecer os equívocos que levaram às tarifas, ressaltando que o encontro não teria vetos a nenhum tema.

Trump, por sua vez, admitiu a possibilidade de reduzir as tarifas, embora condicionado a acordos. Lula, por sua vez, já havia sinalizado que pretendia apresentar as expectativas do Brasil e as ofertas que o país poderia oferecer.

BRICS e a Busca por um Mundo Multipolar

No mesmo discurso, Lula destacou o papel crucial do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) na construção de um mundo multipolar, mais equilibrado e pacífico. Ele defendeu uma ordem global baseada no diálogo, na diplomacia e na igualdade soberana das nações, elementos centrais da proposta brasileira de reforma das Nações Unidas.

Lula também criticou o protecionismo crescente e a paralisia da Organização Mundial do Comércio, apontando a assimetria insustentável para o Sul Global. Ele denunciou a disparidade de poder no Fundo Monetário Internacional (FMI), onde os países ricos detêm nove vezes mais poder de voto do que o Sul Global, clamando pela interrupção de mecanismos que sustentam o financiamento do mundo desenvolvido às custas das economias emergentes.

A fala resume a visão de Lula sobre o cenário global e os desafios que o Brasil enfrenta, reafirmando o compromisso do país com a cooperação Sul-Sul, a defesa do multilateralismo e a busca por um mundo mais justo e equilibrado.