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Lula e Trump: Acordo sobre Terras Raras e Tarifas Pode Esquentar Relações EUA-Brasil

Publicada em: 25-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Lula e Trump: Encontro em Kuala Lumpur pode Redefinir Relações Comerciais

O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Donald Trump, agendado para este domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, promete ser um marco nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. A reunião bilateral surge em um momento crucial, com foco em um tema estratégico: as terras raras.

O Cerne da Questão: Terras Raras e a Disputa Global

O principal objetivo do encontro é discutir um acordo sobre terras raras, minerais essenciais para a produção de tecnologias avançadas, como veículos elétricos e semicondutores. A disputa por esses recursos se intensifica entre Washington e Pequim, colocando o Brasil em uma posição estratégica.

A reunião foi articulada após a imposição de tarifas pela Casa Branca, elevando a taxação sobre produtos brasileiros para 50%. Uma cooperação em áreas estratégicas, como mineração e energia limpa, pode ser a chave para a redução dessas sobretaxas.

A Lente da Disputa EUA x China

A pressão de Trump sobre o Brasil está diretamente ligada à tentativa de reduzir a dependência dos Estados Unidos em relação à China no fornecimento de minerais críticos. A China detém 90% da capacidade global de refino desses minerais, tornando-se um player dominante no mercado. O Brasil, com a segunda maior reserva mundial de terras raras, surge como uma alternativa viável.

Os Pontos em Negociação

A equipe de Lula busca evitar vincular a crise diplomática ao processo judicial de Jair Bolsonaro. No entanto, o governo reconhece que um acordo no setor de minerais pode ser o primeiro passo para a normalização comercial. O Planalto pretende propor investimentos em processamento local e transferência tecnológica, atraindo capital estrangeiro sem abrir mão do controle sobre as reservas estratégicas.

Contexto de Tensão Global

A reunião ocorre em meio à escalada da disputa comercial entre Estados Unidos e China. Pequim ampliou as restrições à exportação de minerais raros, e Trump ameaçou retaliar com tarifas adicionais. Em resposta, Washington avança em acordos bilaterais com países com reservas expressivas, como a Austrália, e agora mira o Brasil como o próximo passo em sua estratégia.

O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), já mencionou o interesse dos Estados Unidos em cooperar com o Brasil nas áreas de energia, inovação e sustentabilidade, mostrando o potencial de um novo capítulo nas relações bilaterais.