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IPCA+ em alta: Empresas correm risco sem proteção, adverte gestor da Ibiúna

Publicada em: 25-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Ibiúna: Estratégias no Mercado Corporativo e as Perspectivas de André Lion

Em um panorama de transformações no mercado financeiro, André Lion, sócio, CIO e gestor de ações da Ibiúna, compartilha insights valiosos sobre as estratégias adotadas pela gestora. Em entrevista ao programa Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo, Lion abordou desde as emissões de dívida corporativa até o posicionamento dos fundos da casa diante das expectativas de corte de juros.

Emissões de Dívida Indexadas ao IPCA: Uma Janela de Oportunidades e Riscos

Um dos pontos centrais da discussão foi a crescente adoção de emissões de dívida indexadas ao IPCA mais um spread fixo por diversas empresas. Segundo Lion, essa estratégia pode gerar ganhos relevantes, mas também acarreta riscos significativos. "O IPCA+6, por exemplo, é uma sacada boa. Se o IPCA ficar em 5%, o custo é 11% — melhor que os 15% da Selic", explicou. No entanto, o gestor alertou para a falta de hedge em muitas companhias, expondo-as às oscilações inflacionárias. "Elas ficam expostas. Se a inflação acelerar, o custo explode. É um risco, mas quem acertar, acerta grande", afirmou.

Para Lion, essa operação representa uma aposta de timing e gestão de passivos. Empresas que souberem aproveitar o ciclo de queda dos juros podem sair fortalecidas quando o cenário monetário se confirmar.

Posicionamento dos Fundos da Ibiúna em Meio às Incertezas

Lion detalhou o comportamento dos principais fundos sob gestão da Ibiúna. O Ibiúna Equities, de perfil Long Only, mantém até 10% de caixa e foco total em ações. Já o Long Bias opera com maior flexibilidade, ajustando posições de acordo com o cenário macroeconômico. "Quando o cenário fica incerto, a gente reduz risco. Quando clareia, voltamos a aumentar exposição", explicou.

A gestora iniciou 2025 com uma postura mais defensiva, mas elevou gradualmente a exposição líquida à Bolsa conforme a incerteza diminuiu. "Saímos de 40% para quase 90%, e hoje estamos entre 75% e 78%. Foi uma realização tática. Estamos esperando o corte do Fed na semana que vem para reavaliar posições", afirmou.

Long Short: Crescimento em um Mercado Mais Eficiente

Lion também destacou o desempenho do fundo Long Short, que tem se beneficiado das mudanças recentes na metodologia do Ibovespa e na melhora do mercado de aluguel de ações. "O mercado de aluguel melhorou, e isso permite uma gestão mais ativa. Hoje, nosso gross varia entre 150% e 180%, sempre com net zero", explicou. O fundo, que busca retorno independente do movimento da Bolsa, acumula um ganho de 25% no ano. "É um produto de retorno relativo. O investidor não está olhando para o Ibovespa subir ou cair, mas para o CDI mais alguma coisa", detalhou o gestor.

Foco em Oportunidades e Gestão Dinâmica

Diante da volatilidade do mercado, Lion ressaltou que a Ibiúna segue atenta às oportunidades específicas em cada empresa. "A gente está sempre debatendo tese, reavaliando, ajustando. Todo dia nos perguntamos se o rally continua ou não. O mercado está muito dinâmico", afirmou. De forma pragmática, ele resumiu a postura da gestora: "Você joga conforme a música. O importante é entender o ciclo, ajustar o risco e estar pronto para quando o cenário virar".