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Eleições na Argentina: Impacto nos Mercados e o Que Esperar

Publicada em: 26-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Eleições Argentinas: Um Teste Crucial para a Economia e o Mercado

As eleições legislativas na Argentina, realizadas em 26 de agosto, ocorreram em um cenário de intensa instabilidade econômica e política. Após um período de desempenho sólido das ações do país, as incertezas sobre a continuidade das políticas fiscais e cambiais dominaram o ambiente.

Desconfiança dos Investidores e o Cenário Pós-Derrota

O Itaú BBA destaca a desconfiança dos investidores, refletida nos ativos. A venda frenética que castigou os mercados argentinos após a derrota do partido do presidente Javier Milei nas urnas também deixou investidores globais em alerta para possíveis novos baques.

Política Fiscal: Avanços e Desafios

A Argentina conseguiu reduzir os gastos fiscais em 10,5% do produto interno bruto (PIB) ao longo de alguns anos, um feito reconhecido globalmente. No entanto, o desafio reside em transitar de um modelo baseado em políticas fiscais e monetárias expansivas para um focado em investimento, cujo retorno leva tempo para se materializar, enquanto os cortes de gastos têm efeito imediato.

Impostos e Equilíbrio Fiscal

A política fiscal permanece um ponto central. Cortes realizados nos últimos anos reduziram gastos em 10,5% do PIB, e o governo busca consolidar avanços em tributação e redução de despesas. No entanto, alguns impostos distorcivos geram tensão entre setores dependentes de transferências governamentais e a necessidade de manter o equilíbrio fiscal.

Política Cambial: Flexibilidade vs. Estabilidade

Outro ponto crítico é a política cambial futura. O governo aposta em aumentar a produtividade e conter gastos em vez de recorrer à depreciação do peso argentino, enquanto o mercado sugere maior flexibilidade cambial. A evolução da taxa de câmbio real será determinante para os juros, o consumo e o apetite de investidores, considerando as reservas limitadas e a dependência de linhas de apoio do Tesouro dos EUA.

Cenário Eleitoral: Fragmentação e Impacto no Mercado

A fragmentação política argentina significa que coalizões pró-mercado ou alinhadas ao governo podem alcançar uma minoria de bloqueio no Congresso. Aprovar reformas exigirá alianças mais amplas, especialmente com governadores e no Senado, tornando a distribuição de votos por província crucial.

Reação do Mercado de Ações

O índice Merval já recuou 45% em relação ao pico do ano passado, refletindo a cautela. Um resultado eleitoral favorável às forças pró-mercado, aliado à preservação do superávit fiscal, poderia impulsionar a recuperação. Por outro lado, uma eleição desfavorável poderia agravar a pressão sobre reservas, câmbio e confiança dos investidores.

Expectativas e Riscos

Gestores de recursos e estrategistas afirmam que, se a coalizão La Libertad Avanza conseguir um terço das cadeiras no Congresso, os mercados podem reagir positivamente. No entanto, empresas como Morgan Stanley e UBS alertam para riscos significativos: um desempenho mais fraco será visto como uma ameaça à agenda de reformas econômicas de Milei e ao fluxo de recursos de resgate dos EUA.

O Teste Pós-Eleitoral de Milei

A questão central será se Milei conseguirá manter apoio suficiente no Legislativo para vetar tentativas da oposição peronista de reverter sua agenda. Os investidores também estarão atentos a sinais de que o resultado pode levá-lo a adotar uma postura mais conciliatória com seus adversários políticos.

Conclusão

As eleições de 26 de agosto representam um teste crucial para a confiança do mercado argentino, impactando desde políticas fiscais e cambiais até o desempenho do setor de consumo e a trajetória das ações no curto e médio prazo. O sucesso de Milei dependerá de sua capacidade de construir alianças e adotar uma postura pragmática.