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BrasilAgro Ignora Crise e Choca o Agronegócio: Recusa 400 Fazendas e Aposta na Queda dos Preços da Terra

Publicada em: 29-09-2025 Autor: Yuri Kiluanji

BrasilAgro: Aposta em Queda nos Preços da Terra e Sacode o Agronegócio

A BrasilAgro está surpreendendo o agronegócio brasileiro com uma estratégia ousada e inesperada em meio a um cenário de crise. Em vez de aproveitar as ofertas abundantes de terras em dificuldades financeiras, a empresa optou por adiar aquisições, apostando em uma queda acentuada nos preços.

Uma Postura de "Sangue Frio" Diante da Crise

Enquanto muitos veem a crise como uma oportunidade, a BrasilAgro adota uma postura de “sangue frio”, demonstrando uma notável disciplina financeira. A companhia finalizou o ano-safra 2024/25 sem adquirir nenhuma fazenda, mesmo após ser sondada com quase 400 ativos sob estresse financeiro, conforme informações do portal CompreRural.

A Estratégia: Esperar o Pico da Crise

A decisão estratégica da BrasilAgro se baseia na crença de que os preços da terra ainda estão inflacionados. A empresa espera que a correção seja mais expressiva, com a intensificação da crise entre os produtores endividados. Nesse ínterim, a companhia se concentra em desinvestimentos robustos, somando R$ 2,8 bilhões apenas na última safra.

O Cenário de Crise no Campo

A desaceleração do agronegócio, a alta da Selic e o peso das dívidas têm impulsionado o número de propriedades em dificuldades. Embora os pedidos de recuperação judicial tenham crescido 40% em 2025, após um aumento de 138% em 2024, o setor permanece sob pressão. Bancos, diante desse cenário, oferecem carteiras de fazendas, mas a BrasilAgro permanece firme em sua postura.

Disciplina Financeira: A Chave da Estratégia

A empresa, sob a liderança do CEO André Guillaumon, considera que os valores atuais das terras não oferecem taxas de retorno satisfatórias. A estratégia é clara: esperar a correção completa do mercado, evitando riscos desnecessários em um momento de alta volatilidade. Essa postura transforma a BrasilAgro em uma espécie de “boutique de M&A do agro”, agindo apenas quando as condições são extremamente favoráveis.

O Impacto dos Juros e das Dívidas

A política de juros altos, necessária para conter a inflação, afetou diretamente os produtores que apostaram na soja. Muitos não conseguiram cumprir seus compromissos, e agora veem seus ativos sob pressão dos bancos. Para a BrasilAgro, essa é a oportunidade que falta para os preços das terras despencarem. A empresa, enquanto isso, fortalece sua posição com liquidez, vendendo propriedades em bons momentos e aguardando o ciclo virar a seu favor.

Impacto no Mercado e Mensagem ao Setor

A postura da BrasilAgro é interpretada como um sinal de que o pior ainda pode estar por vir no mercado de terras agrícolas. A mensagem é clara: quando todos estiverem forçados a vender, será o momento de agir. Essa estratégia, embora preocupante para concorrentes e parceiros, demonstra a experiência da empresa em operar em ciclos longos de valorização e correção de ativos.

Para o agronegócio brasileiro, isso significa um período de incertezas, com os produtores lidando com custos elevados e a falta de compradores dispostos a pagar os preços atuais.

A BrasilAgro demonstra uma visão estratégica impressionante, recusando quase 400 fazendas em um cenário de crise crescente. Sua estratégia sugere que o mercado de terras pode enfrentar uma queda mais acentuada do que muitos esperam.

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E você, o que pensa sobre a postura da BrasilAgro? É prudência estratégica ou frieza excessiva em um momento delicado para produtores endividados? Como essa escolha pode impactar o futuro das negociações de terras no Brasil?

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