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Amazônia em Risco: Bilhões em Petróleo e Gás Ameaçam a Luta Climática, Alerta Relatório

Publicada em: 30-09-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Relatório Internacional Revela Impacto Direto de Bancos Globais e Amplia Alerta Sobre Ponto de Não Retorno do Bioma

Um relatório impactante, divulgado em 29 de setembro de 2024, expõe o financiamento bilionário de combustíveis fósseis na América Latina e Caribe, lançando um alerta crucial sobre o futuro da Amazônia e o papel dos bancos globais. A publicação “The Money Trail Behind Fossil Fuel Expansion in Latin America and the Caribbean”, fruto da colaboração entre organizações da Alemanha, Argentina, Brasil, México e Peru, revela dados alarmantes sobre o financiamento de projetos de petróleo e gás.

Bancos no Centro do Financiamento Fóssil

O documento revela que 290 bancos financiaram novos projetos de petróleo e gás entre 2022 e 2024, totalizando cifras bilionárias que pressionam ecossistemas e comunidades. Os principais financiadores da expansão fóssil são:

  • Santander: US$ 9,9 bilhões
  • JPMorgan Chase: US$ 8,1 bilhões
  • Citigroup: US$ 7,9 bilhões
  • Scotiabank: US$ 7,1 bilhões

Embora o Santander publique relatórios de sustentabilidade e tenha anunciado € 220 bilhões em financiamentos verdes até 2030, a prática de apoio à exploração na região demonstra uma clara contradição.

Petrobras como Maior Beneficiária no Brasil

No Brasil, a Petrobras concentra 29% da expansão exploratória regional. O capítulo brasileiro, elaborado pelo Instituto Internacional Arayara, utilizou dados do Monitor Amazônia Livre de Petróleo e Gás e do Monitor Oceano. A análise aponta para um risco significativo para a biodiversidade amazônica.

  • Risco para 78% da biodiversidade amazônica.
  • Ameaça a 2,7 milhões de indígenas.
  • 10 milhões de hectares em risco (equivalente a 1 milhão de campos de futebol).

Declarações de Especialistas Exõem Contradições

Nicole Figueirêdo, CEO do Instituto Internacional Arayara, destaca que a Petrobras aposta em perfurações ultraprofundas e que a narrativa sobre exaustão do pré-sal não procede. Segundo Figueirêdo, a estatal expande operações na Guiana e na Costa Amazônica, alegando, sem provas, qualidade superior do petróleo. As ações de transição energética permanecem mínimas e insuficientes diante da crise climática.

Amazônia Próxima do Ponto de Não Retorno

O relatório alerta para o ponto de não retorno da Amazônia. Entre 1980 e 2030, o Brasil perderá 81% de 55 milhões de hectares por desmatamento. As projeções indicam perda de até 25% da cobertura em breve, comprometendo a capacidade de regeneração do bioma. A floresta, que absorve entre 20% e 30% do CO₂ mundial, terá sua função afetada, impactando chuvas, agricultura e segurança hídrica em escala continental, atingindo milhões de pessoas na região.

Ferramenta Interativa Amplia Transparência

A partir de 1º de outubro de 2024, um monitor interativo estará disponível, permitindo consultar financiadores, valores por país e empresas beneficiadas. Jornalistas e pesquisadores terão acesso a dados centralizados para acompanhamento público, proporcionando maior transparência sobre a expansão do petróleo e gás.

O Dilema entre Lucro e Preservação

O relatório evidencia a contradição entre os compromissos públicos de bancos internacionais com a transição verde e o direcionamento de bilhões a combustíveis fósseis. O modelo atual fortalece economias externas e fragiliza a sustentabilidade local, atrasando a mudança energética e aumentando a pressão sobre comunidades.

A questão central é clara: acelerar a exploração para lucros imediatos ou investir em uma transição responsável para preservar a Amazônia e garantir a segurança climática?