Detalhes do Artigo

Síria: Eleições Pós-Assad Marcam Nova Era Política

Publicada em: 05-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Eleições Parlamentares na Síria: Um Novo Capítulo, com Ressalvas

Neste domingo, 5 de maio, a Síria realiza eleições parlamentares, marcando um momento significativo desde a queda do ditador Bashar Assad. O pleito, no entanto, ocorre em um contexto de transição e desafios, com um processo eleitoral que difere substancialmente dos padrões democráticos tradicionais.

Um Processo Eleitoral Híbrido

A eleição para a Assembleia Popular, composta por 210 assentos, não será totalmente baseada no voto popular. A maioria dos assentos, 140 no total, será preenchida por meio de colégios eleitorais em 60 distritos. Os membros desses colégios, cerca de 7 mil no total, são escolhidos a partir de um pool de candidatos em cada distrito por comitês nomeados para esse fim.

Um terço dos assentos, por outro lado, será diretamente nomeado pelo presidente interino Ahmad al-Sharaa. Essa configuração híbrida levanta questionamentos sobre a natureza democrática do processo.

Desafios e Exclusões

As eleições na província de Sweida e em áreas do nordeste controladas pelas Forças Democráticas Sírias foram adiadas indefinidamente devido a tensões com o governo central em Damasco. Isso significa que um número significativo de assentos permanecerá vago, afetando a representatividade do parlamento.

Na prática, apenas cerca de 6 mil membros de colégios eleitorais votarão em 50 distritos para preencher cerca de 120 assentos.

Um Termômetro de Inclusão

Apesar das limitações, o resultado das eleições será crucial para avaliar o compromisso das autoridades interinas com a inclusão, especialmente de mulheres e minorias. A representatividade desses grupos no parlamento será um indicativo importante do progresso em direção a uma sociedade mais justa.

Contexto Histórico e Desafios Atuais

Sob o regime da dinastia Assad, a Síria realizava eleições regulares, mas o Partido Baath, liderado por Assad, sempre dominou o parlamento, e as eleições eram amplamente consideradas fraudulentas. A única competição significativa ocorria nas primárias internas do partido.

As autoridades interinas justificam a impossibilidade de um voto popular neste momento devido ao deslocamento de milhões de sírios pela guerra civil e à perda de documentos pessoais. O parlamento eleito terá um mandato de 30 meses, durante o qual o governo deverá preparar o terreno para um voto popular nas próximas eleições.

Conclusão

As eleições parlamentares na Síria representam um passo importante, embora incompleto, no caminho da reconstrução política do país. O processo eleitoral reflete a complexidade da situação síria, marcada por desafios significativos e a necessidade de avançar gradualmente em direção a uma sociedade mais democrática e inclusiva.