Ambipar (AMBP3) Entra com Pedido de Recuperação Judicial Após Descoberta de Irregularidades
A Ambipar (AMBP3), gigante latino-americana em gestão de resíduos e resposta a emergências ambientais, anunciou na madrugada desta segunda-feira que entrou com pedido de recuperação judicial no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos. A decisão veio após a descoberta de “irregularidades” em operações financeiras.
Queda Acionária e Pressão do Mercado
As ações da companhia abriram em queda de quase 14% e chegaram a perder mais de 20% do valor, refletindo a pressão do mercado. A Ambipar já havia manifestado em setembro o risco de vencimentos antecipados de dívidas que somavam R$10 bilhões.
Irregularidades e Troca de Comando
A recuperação judicial foi motivada pela descoberta de irregularidades ligadas à “contratação de operações de swap pela diretoria financeira e a renúncia abrupta do antigo diretor financeiro”. A saída de João de Arruda do cargo de diretor financeiro, substituído por Ricardo Garcia, também contribuiu para a instabilidade.
Crise de Confiança e Vencimento Antecipado de Dívidas
A companhia declarou que as irregularidades resultaram em um forte abalo na confiança do mercado, levando a pedidos de antecipação de vencimento de dívidas por parte de alguns credores. Nos EUA, o pedido de recuperação judicial envolve apenas a Ambipar Emergency Response, uma das principais operações do grupo.
Cenário da Empresa
A Ambipar opera duas divisões: uma de resposta, com serviços de emergência e incidentes ambientais; e outra ambiental, baseada em contratos de gestão de longo prazo. Em 2023, 37% da receita líquida da Ambipar veio do Brasil e 48% da América do Norte. A empresa teve um crescimento acelerado nos últimos anos, impulsionado por cerca de 70 aquisições.
A companhia foi precificada em seu IPO em 2020 a cerca de R$25 por ação.
Declarações e Próximos Passos
A Ambipar afirma ter sido “vítima de um ataque orquestrado, capitaneado por short sellers” por meio de aditivos a contratos de swap vinculados à emissão de “green bonds”. A empresa contratou a FTI Consulting para investigação e busca penas e reparações civis. A companhia mencionou a existência de um inquérito criminal para apurar as condutas do antigo diretor financeiro e seus associados.
Este é o segundo caso recente de recuperação judicial envolvendo uma grande empresa que alega irregularidades envolvendo ex-executivos. Em 2023, as Americanas também entraram com pedido similar.