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Vendas em Queda em Setembro: Juros Altos, Dívidas e Desemprego Freiam o Comércio

Publicada em: 13-11-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Vendas no Comércio: Queda de -0,3% em Setembro Reflete Cenário Desafiador

As vendas no comércio brasileiro registraram um recuo de -0,3% em setembro, em comparação com o mês anterior, conforme dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgados pelo IBGE. O resultado negativo, que se estendeu a seis dos oito setores monitorados, acende um sinal de alerta sobre a saúde do varejo no país.

Fatores que Influenciam o Desempenho

Especialistas apontam que a queda reflete uma combinação de fatores, incluindo:

  • Crédito Caro: A alta taxa de juros, que encarece o crédito, dificulta o consumo e os investimentos.
  • Menor Geração de Emprego: A diminuição no ritmo de criação de vagas de trabalho impacta a renda disponível e o poder de compra das famílias.
  • Endividamento: O alto nível de endividamento das famílias limita a capacidade de consumir, especialmente bens de maior valor.

Desempenho por Setores e Perspectivas

A análise dos dados revela que alguns setores foram mais afetados do que outros. As maiores quedas foram registradas em:

  • Livros, jornais e papelaria (-1,6%)
  • Tecidos, vestuário e calçados (-1,2%)
  • Combustíveis (-0,9%)
  • Informática e comunicação (-0,9%)
  • Móveis e eletrodomésticos (-0,5%)
  • Supermercados (-0,2%)

Em contrapartida, o setor farmacêutico apresentou desempenho positivo (+1,3%), impulsionado pela demanda por medicamentos, e outros artigos de uso pessoal e doméstico (+0,5%).

As projeções para os próximos meses são de estabilidade, com o varejo oscilando próximo da estabilidade. A resiliência do mercado de trabalho, a expansão da renda, as festas de fim de ano e as transferências do governo podem trazer algum alívio para o varejo até o final do ano. No entanto, a desaceleração econômica e a política monetária restritiva deverão limitar o crescimento do setor.

Análise Trimestral e Acumulado do Ano

Na comparação trimestral, o recuo foi de 0,4% no 3T25 e de 1,5% no acumulado do ano, resultados inferiores aos registrados no mesmo período de 2024. Essa queda reflete um arrefecimento gradual do consumo de bens e do mercado de trabalho.

Impacto Regional

A fraqueza do varejo não se restringiu a uma única região. Quinze das 27 unidades federativas registraram queda no varejo restrito, e doze no varejo ampliado. Estados como São Paulo e parte do Sul apresentaram desempenhos negativos, enquanto as regiões Norte e Nordeste mostraram resultados mais heterogêneos.

Projeções para o Futuro

Para 2026, a expectativa é de que o setor seja influenciado pelo ambiente doméstico desafiador, mas com potencial de ganho de impulso com a aprovação da reforma do Imposto de Renda, que pode aumentar a renda disponível das famílias e impulsionar o consumo.

As projeções de crescimento do PIB para 2025 variam entre as instituições, mas indicam um ritmo de crescimento mais lento em comparação com 2024, refletindo os desafios enfrentados pela economia brasileira.

Fontes: Dados do IBGE, análises de economistas do Suno Research, ASA, XP, PicPay e C6 Bank.