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Falta de Engenheiros Ameaça Obras: Déficit de 75 Mil Profissionais Freia Concessões e Infraestrutura no Brasil
Escassez de Engenheiros Ameaça o Avanço das Concessões Rodoviárias no Brasil
O setor de concessões rodoviárias no Brasil enfrenta um desafio significativo: a falta de engenheiros. Com a crescente quantidade de leilões e o ritmo acelerado de novas concessões, a escassez de profissionais qualificados ameaça cronogramas, pressiona salários e força as empresas a buscar soluções inovadoras para manter os projetos em andamento.
O Cenário Atual: Leilões em Alta e a Carência de Mão de Obra
Após um período de estagnação, os leilões de rodovias voltaram a ganhar força. Em 2024, o Ministério dos Transportes realizou sete leilões, a maior marca em 17 anos, e a agenda para 2025 promete manter o ritmo. O governo busca atingir a meta de 35 concessões até o fim do mandato. No entanto, o aumento do volume de obras esbarra na falta de profissionais qualificados.
Ronei Glanzmann, CEO da MoveInfra, destaca o “descompasso” entre o volume de obras e a disponibilidade de engenheiros. A Confederação Nacional da Indústria estima um déficit de 75 mil engenheiros no país.
Causas da Escassez: Concorrência e Desafios na Formação
A escassez de engenheiros é agravada por diversos fatores:
- Baixa Formação: O Brasil forma cerca de 40 mil engenheiros por ano, um ritmo inferior ao de países como Rússia e China.
- Atração de Outros Setores: Áreas como tecnologia da informação e serviços têm atraído recém-formados, reduzindo a entrada na engenharia “de campo”.
- Complexidade da Carreira e Salários: Fatores como a complexidade da carreira e o salário inicial menos competitivo contribuem para a migração de profissionais.
Roberto Paolini, diretor executivo da Arteris, ressalta que a rápida promoção de quadros juniores pode comprometer a qualidade da execução.
Estratégias das Concessionárias: Capacitação e Retenção de Talentos
Diante da escassez, as concessionárias estão investindo em diversas estratégias:
- Programas de Capacitação: Empresas como a Arteris e a Motiva estão investindo em programas de desenvolvimento técnico e de liderança.
- Recrutamento Regional: A EcoRodovias aposta em contratar e formar profissionais nas localidades onde os projetos serão executados, aumentando o senso de pertencimento.
- Parcerias com Universidades: A Motiva intensificou parcerias para mentoria e “upskilling”, com planos de criar uma escola própria de engenharia.
Tecnologia como Aliada: Engenharia Digital e Inovação
A tecnologia surge como uma importante ferramenta para otimizar os canteiros de obras:
- Engenharia Digital: A padronização de processos, a centralização de dados e a facilitação da supervisão técnica são algumas das vantagens.
- Equipamentos Autossuficientes: A utilização de equipamentos mais autossuficientes reduz a dependência de mão de obra altamente especializada.
- Inovação na Construção: A Motiva utiliza soluções de monitoramento e metodologias construtivas que melhoram a ergonomia e reduzem riscos.
Impactos e Desafios Futuros
A escassez de engenheiros pode levar a:
- Atrasos nos Cronogramas: A falta de profissionais qualificados dificulta o cumprimento dos prazos.
- Pressão nos Custos: A maior demanda por profissionais pode levar a aumentos salariais.
- Risco na Qualidade: A rotatividade de pessoal e a promoção de quadros menos experientes podem afetar a qualidade das obras.
Thiago Araújo, sócio do Bocater Advogados, aponta a necessidade de cursos atualizados e melhores perspectivas de carreira para atrair e reter talentos. A atratividade da engenharia precisa ser aprimorada para competir com outros setores.
A combinação de demanda acelerada e formação aquém do necessário se traduz em gargalos com impactos diretos no cronograma de obras. O setor enfrenta um desafio complexo que exige soluções abrangentes, desde a formação de profissionais até a adoção de tecnologias inovadoras, para garantir o sucesso dos projetos de concessões rodoviárias no Brasil.