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CDBs em Queda? Impacto da Devolução de R$ 41 Bilhões do FGC nas Taxas e no Mercado

Publicada em: 26-11-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Impacto da Liquidação do Banco Master no Mercado Financeiro

A liquidação extrajudicial do Banco Master, com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) acionado para o maior ressarcimento de sua história, está prestes a gerar um forte impacto no mercado financeiro brasileiro. O ressarcimento, que pode totalizar entre R$ 41 bilhões e R$ 49 bilhões, será direcionado aos clientes que detinham CDBs (Certificados de Depósito Bancário) da instituição.

Reembolso e Reinvestimento: O que Esperar

Com a liquidação do Banco Master já esperada pelo mercado, o reembolso não deve demorar. Segundo informações, os ressarcimentos devem começar ainda em 2025. Os especialistas projetam que boa parte desse montante retornará ao mercado financeiro, com potencial para impactar as taxas dos CDBs.

Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, observa que a maioria dos investidores, habituados a produtos de renda fixa, deve reinvestir o dinheiro, realocando-o no mercado. No entanto, uma parcela pode ficar temporariamente parada, ser usada para reorganização financeira ou migrar para produtos mais conservadores. Apesar disso, a renda fixa bancária ainda deve ser o principal destino do dinheiro.

Pressão nas Taxas e Adaptação dos Bancos

A demanda adicional por CDBs pode pressionar as taxas para baixo, especialmente se concentrada em grandes emissores. Paralelamente, os bancos médios e pequenos podem enfrentar maior exigência de prêmio por parte dos investidores, devido ao aumento da percepção de risco, conforme explica Belitardo.

Leandro Zanetti, economista e sócio da Forum Investimentos, corrobora essa visão, afirmando que a demanda por alocação dos recursos deve pressionar as taxas, especialmente em um cenário em que os bancos estão receosos na oferta de crédito.

Impacto de Curto Prazo e Análise de Riscos

Apesar do impacto previsto, não se espera uma mudança estrutural nos preços. O montante de R$ 50 bilhões representa aproximadamente 2% do estoque total de CDBs no Brasil. As consequências devem ser vistas apenas no curto prazo.

Ageval Rodrigues, membro do Clube de Investidores do Instituto Empresa, destaca que o evento pode levar a uma reprecificação temporária das curvas de emissores similares ao Banco Master, mas não altera a lógica estrutural do mercado, que já opera sob o regime de garantia do FGC para pequenos aplicadores.

Como Mitigar Riscos na Realocação

Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa, enfatiza que o erro dos investidores do Banco Master não está no investimento em CDBs, mas no emissor. A análise de risco, e não apenas a taxa, deve ser o foco agora.

Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, alerta que os investidores que buscam fugir de “novas aventuras perigosas” podem alocar em títulos públicos. Aqueles com maior apetite por risco podem procurar títulos de crédito privado, com foco no longo prazo.

Zanetti acredita que os pós-fixados (atrelados à Selic ou ao CDI) e isentos de Imposto de Renda, como LCIs e LCAs, oferecem boa relação entre risco e retorno atualmente e devem continuar performando bem nos próximos 12 a 24 meses. O Tesouro Selic também é uma ótima opção para os mais conservadores.