BRICS na ONU: Críticas a Tarifas, Clamor por Reforma na OMC e Foco em Gaza e Sudão
Reunião dos chanceleres do BRICS à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York destaca questões comerciais e conflitos globais.
Contexto da Reunião
Os ministros de Relações Exteriores do BRICS reuniram-se em Nova York durante a semana de alto nível da 80ª Assembleia Geral da ONU. O encontro resultou em um comunicado que expõe as prioridades do bloco em relação ao comércio global e aos conflitos internacionais.
Críticas e Demandas
- Críticas a Tarifas Unilaterais: O comunicado condena a "proliferação" de tarifas e barreiras comerciais.
- Reforma da OMC: O BRICS exige a restauração do sistema de solução de controvérsias da OMC, com nomeações imediatas para o Órgão de Apelação.
- Posicionamento sobre Conflitos: O texto aborda conflitos no Oriente Médio e na África, mas não faz menção à guerra na Ucrânia.
Participantes e Expansão do BRICS
O encontro contou com a participação de representantes dos países membros do BRICS, incluindo os chanceleres do Brasil (Mauro Vieira) e da Rússia (Sergey Lavrov). A atual configuração do BRICS inclui os cinco membros originais e países que aderiram recentemente, como Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.
Em 2025, o Brasil, na presidência do bloco, confirmou a entrada da Indonésia.
Mensagem aos EUA e à UE: Tarifas, Sanções e CBAM
O comunicado do BRICS enviou recados diretos aos Estados Unidos e à União Europeia:
- Contra Tarifas e Sanções: O bloco critica a alta de tarifas e medidas não tarifárias unilaterais e condena o uso de "medidas como forma de coerção" na política comercial.
- Rejeição ao CBAM: O BRICS rejeita "mecanismos unilaterais e discriminatórios de ajuste de carbono nas fronteiras (CBAMs)" da UE, alegando que distorcem a concorrência.
Essa postura reflete a tensão existente entre o Brasil e os EUA, especialmente em relação às tarifas e sanções.
Posicionamento sobre Conflitos: Gaza e Sudão
O BRICS expressou:
- Grave preocupação com a situação em Gaza: Defendendo um cessar-fogo imediato e permanente, retirada das tropas, libertação de reféns e acesso humanitário.
- Condenação de ataques e violações no Oriente Médio: O documento condena o ataque de Israel ao Catar e as investidas contra o Irã.
- Apelo por cessar-fogo no Sudão: O BRICS pede acesso humanitário e alerta para a proliferação do extremismo naquele país.
A ausência de menção à guerra na Ucrânia foi notada por analistas.
Reforma do Conselho de Segurança da ONU
O BRICS volta a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com maior representação de países emergentes. China e Rússia reafirmam apoio ao Brasil e à Índia para um papel “mais relevante” no Conselho. Essa é uma prioridade para a política externa de 2025, segundo Lula.
Multilateralismo e Coerção Econômica
O comunicado reafirma o compromisso do BRICS com o multilateralismo e condena tentativas de enfraquecer instituições por meio de retenção de contribuições ou bloqueios políticos. O objetivo é construir uma narrativa de coerção econômica que penaliza o Sul Global e fere o multilateralismo liderado pela ONU e pela OMC.
Considerações Finais
A reunião dos chanceleres do BRICS em Nova York evidencia a posição do bloco sobre questões cruciais do cenário internacional. A crítica às tarifas, a defesa da reforma da OMC e o foco nos conflitos em Gaza e no Sudão refletem as prioridades do grupo. A ausência de menção à guerra na Ucrânia levanta questões sobre a seletividade política do bloco.