Impacto do "Tarifaço" de Trump: EUA em xeque e Brasil na berlinda
A recente imposição de tarifas aduaneiras pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros e de outros países, acendeu o alerta no cenário econômico global. O chamado "tarifaço", que impõe taxas de até 50% sobre importações, está sob intensa avaliação de especialistas, que analisam seus impactos nos preços internos dos EUA, nas exportações brasileiras e na estabilidade do comércio internacional.
Pressão sobre Preços e o Bolso do Consumidor
O professor de finanças Jarbas Thaunahy, da Strong Business School, ressalta que a situação é complexa e que simplificar como "tiro no pé" pode ser redutor. Para ele, as tarifas elevam a pressão sobre os preços domésticos, agravando a inflação, que já enfrenta outros desafios na economia americana.
Essa pressão já se reflete no bolso do consumidor. O café, por exemplo, teve um aumento de 21% em 12 meses, com alta de 3,6% apenas entre julho e agosto. A carne bovina também registrou alta, com crescimento de 7,3% no ano.
Queda nas Exportações Brasileiras
O impacto nas exportações brasileiras é evidente. As vendas para os EUA caíram 51,1% entre julho e agosto, com a carne bovina sendo um dos produtos mais afetados.
A Origem do "Tarifaço"
Trump iniciou as tarifas em abril de forma gradual, alegando um suposto superávit do Brasil nas relações comerciais, quando na realidade a balança comercial aponta déficit. Adicionalmente, o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro foi utilizado como justificativa.
O governo brasileiro tem buscado negociações para reduzir as tarifas, enfrentando dificuldades devido a questões políticas. A atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro também gerou atritos.
Impactos Econômicos Previstos
Além da alta de preços, especialistas preveem riscos para a economia americana. A OCDE projeta um crescimento menor para 2025 à medida que as empresas terminarem os estoques acumulados.
O custo político também preocupa. Senadores americanos de diferentes partidos manifestaram oposição às tarifas, argumentando que promovem uma guerra comercial de caráter político, não econômico.
Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos americanos é contra as tarifas, o que pode prejudicar a popularidade de Trump e de seus aliados.
Visão do Mercado
Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, aponta que o aumento de custos prejudica a população e fragiliza cadeias produtivas. Ele ressalta que a proteção tarifária gera ineficiência e perda de competitividade, além de comprometer as relações multilaterais.
Empresas americanas que dependem de insumos brasileiros sentirão um impacto direto, com aumento de custos e redução da produtividade.
Efeitos no Dólar e no Câmbio
A política tarifária também busca desvalorizar o dólar, que está em patamar considerado elevado. Thaunahy explica que as tarifas podem ter um efeito duplo: encarecem importações e reduzem a saída de dólares, o que tende a valorizar a moeda. Por outro lado, aumentam a incerteza, reduzem a confiança dos investidores e estimulam a fuga de capitais, pressionando a cotação do dólar para baixo.
Nos últimos meses, o dólar tem apresentado depreciação frente a outras moedas, enquanto o real se valorizou. Thaunahy alerta que a estratégia pode trazer ganhos geopolíticos no curto prazo, mas compromete a influência dos Estados Unidos no longo prazo.
Antecedentes Históricos
Outros presidentes americanos já tentaram manipular o câmbio, com resultados mistos. Richard Nixon, Ronald Reagan e Barack Obama enfrentaram desafios significativos ao adotarem políticas semelhantes.
Possível Reaproximação e o Futuro
Apesar das tensões, Trump sinalizou uma possível reaproximação com o Brasil durante a Assembleia-Geral da ONU. O governo brasileiro aguarda uma reunião para tratar do tema.
A situação permanece incerta, mas os impactos do "tarifaço" de Trump no Brasil e nos EUA demonstram a complexidade das relações comerciais e as consequências de medidas protecionistas.
Com informações de Metrópoles.