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Juros dos DIs Disparam: Medo Fiscal e Tensão Trump-China Abalam o Mercado

Publicada em: 10-10-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Taxas dos DIs Fecham em Alta em Meio a Preocupações Fiscais e Tensões Geopolíticas

As taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DIs) encerraram a sexta-feira em alta, impulsionadas por receios dos investidores em relação à política fiscal brasileira e pelas novas ameaças tarifárias dos Estados Unidos à China. A curva a termo refletiu a cautela do mercado, com os prazos mais longos apresentando os maiores aumentos.

Contexto do Mercado e Fatores de Pressão

Em um cenário de alta do dólar, que se aproximou de R$5,50, as taxas dos DIs foram impactadas por diversos fatores, tanto internos quanto externos:

  • Cenário Fiscal Brasileiro: O arquivamento da medida provisória 1303, que visava a taxação de aplicações, gerou preocupações sobre o esforço do governo em equilibrar as contas públicas.
  • Medidas Governamentais e Dúvidas sobre Financiamento: A possibilidade de um pacote de medidas do governo para 2026, com um potencial impacto de R$100 bilhões, sem garantias de receitas, intensificou a cautela dos investidores.
  • Preocupações com Reeleição: Agentes do mercado demonstraram receios de que 2026 seja marcado por ações visando a reeleição do presidente, com possíveis impactos negativos nas contas públicas.
  • Tensões Geopolíticas: As ameaças do ex-presidente americano Donald Trump de aumentar tarifas comerciais contra a China e cancelar uma reunião com o presidente chinês Xi Jinping intensificaram a aversão ao risco no mercado.

Desempenho dos DIs

O movimento de alta foi generalizado, com destaque para os seguintes contratos:

  • DI para Janeiro de 2028: Taxa em 13,41%, alta de 1 ponto-base.
  • DI para Janeiro de 2029: Taxa em 13,4%.
  • DI para Janeiro de 2035: Taxa em 13,805%, alta de 9 pontos-base. Chegou a marcar 13,935% durante a sessão.

A analista Laís Costa, da Empiricus Research, destacou que o mercado brasileiro operou sob influência das notícias vindas da China, enfatizando o impacto das declarações de Trump sobre os ativos.

Reações do Governo e do Banco Central

Apesar do cenário adverso, o governo e o Banco Central reiteraram seus compromissos:

  • Presidente Lula: Criticou a rejeição da MP sobre taxação, reafirmando o compromisso com a responsabilidade fiscal.
  • Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo: Reforçou o compromisso com a busca da meta contínua de inflação de 3%.
  • Ministro da Fazenda, Fernando Haddad: Expressou expectativa de que as condições de política monetária em 2026 sejam substancialmente diferentes das atuais.

Expectativas para a Política Monetária

O mercado, próximo ao fechamento, precificava em 97% a probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Copom, em novembro.

Movimento nos Treasuries

Em contraste com o mercado brasileiro, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) caíram, refletindo a busca por segurança por parte dos investidores. Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos estava em 4,051%, após despencar 10 pontos-base.