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Fiador Desavisado? Saiba Como se Livrar da Fiança em Contratos de Aluguel de Longa Duração (Lei do Inquilinato)

Publicada em: 29-09-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Fiador não é obrigado a pagar para sempre: Entenda a exoneração da fiança

Ser fiador em um contrato de aluguel é um ato de confiança, mas também de responsabilidade. Muitos brasileiros desconhecem, mas a Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/1991) oferece uma proteção importante para os fiadores: a possibilidade de exoneração da fiança. Neste artigo, vamos explorar esse direito, seus detalhes e como ele pode impactar a vida de quem assume essa responsabilidade.

O que é a exoneração da fiança?

Ao contrário do que muitos pensam, a fiança não é uma obrigação vitalícia. A lei permite que o fiador se desligue da responsabilidade, especialmente em contratos de prazo indeterminado. Essa possibilidade é crucial para proteger o fiador de dívidas que ele não pode mais arcar.

O que diz a Lei do Inquilinato sobre exoneração?

O artigo 40 da Lei do Inquilinato é o principal ponto de referência para a exoneração. Ele estabelece que, em contratos de prazo indeterminado, o fiador pode solicitar a exoneração mediante notificação escrita ao locador. Após o aviso, sua responsabilidade se estende por mais 120 dias, período em que o proprietário pode buscar uma nova garantia ou renegociar o contrato.

Essa regra visa impedir que o fiador fique vinculado indefinidamente a obrigações que não consegue mais cumprir, seja por questões financeiras, pessoais ou de saúde.

STJ confirma o direito à exoneração

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se manifestou em diversos julgados, reafirmando a validade da exoneração da fiança. O REsp 1.412.566/DF é um exemplo, onde a Corte deixou claro que a responsabilidade do fiador não pode exceder os 120 dias após a notificação.

Mesmo em contratos com prazo determinado, o STJ considera a possibilidade de exoneração se houver mudanças significativas nas condições, o que reforça que a fiança não é uma obrigação eterna.

Por que a exoneração da fiança é importante?

A possibilidade de exoneração é fundamental para proteger o fiador, que muitas vezes assume essa responsabilidade por laços familiares ou de amizade. Sem essa proteção, o fiador pode ter seus bens penhorados e seu patrimônio em risco em caso de inadimplência do inquilino.

A exoneração também traz mais transparência ao mercado de locações, pois obriga o proprietário a manter as garantias atualizadas e a renegociar os contratos quando necessário.

Como pedir a exoneração da fiança?

Para solicitar a exoneração, o fiador deve seguir alguns passos:

  • Notificar o locador formalmente: A comunicação deve ser feita por escrito, preferencialmente com registro em cartório ou protocolo de recebimento.
  • Respeitar o prazo de 120 dias: A responsabilidade do fiador continua por esse período, dando tempo ao locador para encontrar uma nova garantia.
  • Verificar as cláusulas do contrato: Consulte as cláusulas específicas sobre fiança no contrato de aluguel.
  • Guardar comprovantes: Mantenha a notificação e os prazos documentados para evitar questionamentos futuros.

Em caso de resistência do locador, é possível recorrer ao Judiciário para garantir o direito à exoneração.

Impactos para locador e inquilino

Para o locador, a exoneração da fiança implica a necessidade de buscar uma nova garantia, como um novo fiador, seguro-fiança ou depósito caução. Para o inquilino, a saída do fiador exige a substituição da garantia para manter o contrato. No entanto, essa situação também estimula o uso de soluções modernas, como o seguro-fiança e os títulos de capitalização.

O fiador como parte vulnerável

O STJ reconhece que o fiador frequentemente é a parte mais vulnerável na relação contratual. A exoneração da fiança, portanto, garante que ninguém seja obrigado a assumir obrigações que comprometam seu sustento ou patrimônio indefinidamente.

Fiador e a evolução das garantias

O mercado de locações está evoluindo, e a fiança está perdendo espaço para garantias mais modernas e menos arriscadas. O seguro-fiança é uma alternativa popular, permitindo que o inquilino pague uma taxa à seguradora, que assume o risco de inadimplência. Outras opções incluem títulos de capitalização e caução em dinheiro, que limitam o risco ao valor depositado.

Conclusão

A exoneração da fiança é um direito pouco conhecido, mas crucial para quem assume essa responsabilidade. Conhecer esse direito pode fazer toda a diferença na vida do fiador, garantindo que ele não fique preso a obrigações que não pode mais cumprir. A Lei do Inquilinato busca equilibrar os interesses de todos os envolvidos, impedindo abusos e preservando direitos. Se você é fiador, informe-se e proteja seu patrimônio!