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Crise do Master: O Que Levou à Liquidação? Causas e Impactos
Banco Master: Da Ascensão Meteórica à Liquidação Extrajudicial
A recente história do Banco Master tomou um rumo dramático. Apenas um dia após o anúncio da compra do banco pela Fictor Holding Financeira, em uma transação de R$ 3 bilhões com participação de fundos dos Emirados Árabes Unidos, o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial da instituição nesta terça-feira, dia 18.
Em paralelo a essa decisão, Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, foi detido pela Polícia Federal (PF), adicionando uma camada ainda mais complexa a esta crise financeira.
Uma Trajetória Turbulenta
A crise do Banco Master é o resultado de uma trajetória marcada por negociações frustradas, investigações e crescente preocupação regulatória. A instituição, que em poucos meses passou de potencial aquisição por um banco público a pivô de uma crise, teve seu desfecho selado pela intervenção do BC.
O Ponto de Partida: A Tentativa de Aquisição pelo BRB
O epicentro da crise foi o anúncio, no início do ano, da intenção do Banco de Brasília (BRB) de adquirir 58% do capital do Master por aproximadamente R$ 2 bilhões. Essa operação, inicialmente vista como uma estratégia para expandir a presença nacional do BRB, logo levantou dúvidas sobre a saúde financeira do Master, especialmente devido à alta captação via CDBs de curto prazo com custos acima da média do mercado.
Idas e Vindas e a Intervenção dos Órgãos de Controle
A partir daí, uma série de eventos marcou a saga do Banco Master:
- A Câmara Legislativa do DF aprovou a aquisição, mas o Tribunal de Justiça questionou partes do acordo.
- Os Ministérios Públicos (distrital e federal) iniciaram investigações para avaliar a viabilidade da operação.
- O Cade deu aval concorrencial, enquanto a pressão política de parlamentares favoráveis à compra crescia.
Apesar das manobras políticas para viabilizar a transação, a equipe técnica do BC intensificou a análise, preocupada com os riscos crescentes. O volume de captações caras do Master, a fragilidade da carteira e o risco de liquidez foram determinantes para que a operação com o BRB fosse vetada.
Linha do Tempo dos Principais Eventos
- Março de 2025: Anúncio da intenção do BRB de adquirir 58% do Banco Master por R$ 2 bilhões.
- Abril a Julho de 2025: Início de investigações por órgãos como Ministério Público do DF, MPF e Ministério Público de Contas.
- Agosto de 2025: Aprovação da aquisição pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.
- Junho a Agosto de 2025: BC intensifica a cobrança por garantias adicionais.
- Setembro de 2025: BC rejeita formalmente a aquisição pelo BRB.
- Novembro de 2025: Proposta de compra pela Fictor Holding Financeira por R$ 3 bilhões.
CDBs de Risco e o Passivo Bilionário
Outra grande preocupação era a emissão de CDBs pelo Master, que oferecia retornos atrativos, mas com ativos de baixa liquidez como precatórios e investimentos em empresas em dificuldades financeiras. Com um passivo bilionário, a quebra do Master pode exigir um volume significativo de ressarcimento do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que protege investidores com aplicações de até R$ 250 mil.
A situação do Banco Master ilustra a importância da solidez financeira e da prudência na gestão de riscos no mercado financeiro, um lembrete importante para investidores e reguladores.