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CIO da RPS: Argentina atrativa e Brasil estagnado por modelo fiscal, aponta especialista

Publicada em: 02-11-2025 Autor: Yuri Kiluanji

Desafios Estruturais e Oportunidades: A Visão da RPS Capital sobre o Brasil e a Argentina

Em meio a um cenário econômico global em constante transformação, o Brasil se encontra em um momento crucial, conforme analisa Paolo Di Sora, CIO da RPS Capital. Em uma visão franca e perspicaz, o especialista compartilha suas perspectivas sobre os desafios domésticos e as oportunidades que se apresentam, especialmente na Argentina.

Brasil: Um Cenário de Limites e a Necessidade de Reformas

Di Sora aponta para desafios estruturais que, em sua avaliação, podem limitar o avanço econômico do Brasil nos próximos anos. Ele destaca a falta de maturidade social para suportar reformas profundas como um fator crucial. “O povo brasileiro não sente o aperto no dia a dia como o argentino. Não há percepção de que é preciso cortar benefícios e reformar para crescer. A mudança, se vier, será de cima para baixo, imposta pela elite técnica”, afirma.

O economista também critica a ausência de um debate econômico maduro em vista das eleições de 2026, ironizando a possibilidade de um “estelionato eleitoral do bem” para implementar as reformas necessárias. Ele argumenta que estratégias graduais de ajuste em mercados emergentes têm pouco espaço para sucesso, enfatizando a necessidade de ações decisivas. “Ou faz o ajuste de uma vez, ou o mercado ataca”, alerta Di Sora, lembrando o fracasso do gradualismo na Argentina sob o governo Macri.

Um Modelo Esgotado

Segundo Di Sora, o Brasil enfrenta o esgotamento de um modelo fiscal e econômico. “A dívida bateu no teto, a carga fiscal bateu no teto, os gastos bateram no teto. Não dá mais para empurrar com a barriga. Alguma coisa vai acontecer nos próximos quatro anos: ou fazemos as reformas, ou entramos numa espiral negativa maior”, adverte.

Argentina: Uma Aposta Otimista em Meio à Crise

Em contraste com o pessimismo em relação ao Brasil, Di Sora demonstra otimismo em relação à Argentina. Ele compara a situação atual do país vizinho ao Plano Real brasileiro, só que “turbinado”, destacando a avaliação de “preço bom”, o apoio popular ao projeto e a qualidade da equipe de execução. A flexibilização das reservas do Banco Central argentino, visando estimular a liquidez e o crédito, reforça essa visão positiva.

A confiança na Argentina se reflete nos produtos da RPS Capital, com o fundo RPS Long Bias Argentina ganhando espaço na plataforma da XP, ampliando o acesso dos investidores. Di Sora comemora o sucesso do fundo, que se tornou um dos de melhor performance nos últimos 12, 24 e 36 meses, impulsionado, em grande parte, pelo desempenho do país vizinho.

Desafios para Gestores e a Mudança Estratégica da RPS Capital

Para 2026, Di Sora prevê desafios para gestores que operam no Brasil, principalmente devido à incerteza política e ao ciclo de juros. A RPS Capital, diante desse cenário, tem aumentado sua exposição à Argentina, considerada uma aposta mais estável. “Talvez seja a parte mais tranquila da minha vida nos próximos meses. Lá, a eleição já passou, o projeto está em execução e o investidor de longo prazo começa a olhar o país com outros olhos”, revela.

Apesar do otimismo, Di Sora faz um alerta bem-humorado sobre a volatilidade da Argentina: “É a Argentina, nunca esqueça, é a Argentina”.