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Brinquedo Nuclear Infantil: O 'Brinquedo Mais Perigoso do Mundo' com Urânio que Vale Fortunas nos EUA
O Inacreditável Brinquedo Atômico dos Anos 50: Uma Raridade Radioativa
Em meados da década de 1950, durante a efervescência da era nuclear, uma ousada fábrica de brinquedos americana lançou um produto que hoje nos causa espanto: um laboratório atômico para crianças. Equipado com minerais radioativos reais, o "Gilbert U-238 Atomic Energy Lab" se tornou um dos brinquedos mais comentados e controversos da época, e sua história é um testemunho da ousadia e da curiosidade científica daquele período.
Um Brinquedo Ousado e Caro
A A. C. Gilbert Company, uma gigante da indústria de brinquedos, foi a responsável por criar essa peça singular. Comercializado entre 1950 e 1951, o laboratório prometia transformar crianças em pequenos cientistas, oferecendo um kit realista para experimentos. No entanto, o preço não era acessível: US$ 49,50, valor que equivaleria a cerca de US$ 600 nos dias atuais. Essa barreira financeira limitou as vendas a menos de 5 mil unidades.
Um Tesouro Radioativo em Leilões
Apesar do baixo volume de vendas, o "Gilbert U-238 Atomic Energy Lab" entrou para a história como um dos brinquedos mais caros e arriscados já criados. Sua raridade e o fascínio pela época da energia nuclear tornaram a peça altamente valorizada. Em um leilão recente em Boston, um exemplar foi arrematado com lances a partir de US$ 4,4 mil (aproximadamente R$ 26,6 mil).
O Kit que Despertava a Curiosidade Científica
O nome "U-238" não era apenas um código. Referia-se ao urânio 238, um isótopo radioativo crucial para o funcionamento do laboratório. O kit incluía quatro frascos de vidro com minerais como autunita, torbernita, uraninita e carnotita. Além disso, acompanhava instrumentos como um eletroscópio e um contador Geiger, que permitia medir a radiação.
Apesar de não possibilitar experimentos nucleares complexos, os itens do laboratório emitiam radiação real. Especialistas da época asseguravam que a proteção dos recipientes minimizava os riscos, desde que as crianças não violassem os frascos.
Exposição à Radiação: Uma Comparação
A revista IEEE Spectrum revelou que brincar com o laboratório equivalia à exposição à radiação de um dia sob os raios ultravioleta do sol. O risco era baixo, desde que o material radioativo permanecesse lacrado. No entanto, a integridade dos frascos era fundamental, pois qualquer dano poderia aumentar os perigos envolvidos.
Como Funcionava a Brincadeira
O manual do brinquedo oferecia atividades curiosas. Uma delas era esconder uma fonte radioativa e, com o contador Geiger, encontrar sua localização, como um jogo de "caça ao tesouro" atômico. Essa experiência visava despertar o interesse científico nas crianças, mostrando de forma divertida como é a detecção de partículas.
Curiosidades Adicionais do Kit
O laboratório era repleto de surpresas. Incluía pequenas amostras de outros minérios pouco radioativos, como chumbo, rutênio e zinco. Para completar, uma revista em quadrinhos, protagonizada por Dagwood, personagem da clássica tirinha "Blondie", instruía as crianças. A história, intitulada "Aprenda como Dagwood divide o átomo", foi escrita com a colaboração do general Leslie Groves, figura importante no Projeto Manhattan, que desenvolveu a primeira bomba atômica com Robert Oppenheimer.
O "Gilbert U-238 Atomic Energy Lab" transcendeu as prateleiras infantis, tornando-se um símbolo de uma era em que ciência, mercado e ousadia caminhavam juntos de forma inusitada. Hoje, sua presença em coleções e leilões é um lembrete da importância de revisitar o passado e refletir sobre os limites da inovação.
Com informações da Revista Galileu.