Anvisa Libera Fabricação de Etanol Farmacêutico Injetável para Combater Intoxicação por Metanol
Primeiro lote do antídoto será doado ao Ministério da Saúde, em resposta ao surto de casos no país.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a fabricação de um primeiro lote de etanol farmacêutico injetável no Brasil, um importante antídoto para casos de intoxicação por metanol. A produção será realizada pelo laboratório Cristália, que irá fornecer 12 mil ampolas ao Ministério da Saúde.
A decisão da Anvisa, publicada em resolução no dia 3, visa combater os casos de intoxicação que têm afetado o país. A regulamentação estabelece procedimentos temporários e emergenciais para a fabricação do antídoto, incluindo critérios como a localização da empresa, cumprimento de requisitos sanitários e de qualidade, e um prazo de validade de até 120 dias.
Contexto da Intoxicação por Metanol
A medida da Anvisa surge em um momento crítico, com o aumento de casos de intoxicação por metanol associados ao consumo de bebidas alcoólicas. De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, foram notificados 246 casos, com 29 confirmados e 217 em investigação. Infelizmente, foram confirmados 5 óbitos em São Paulo e outros 12 estão sob investigação em diferentes estados.
O metanol, utilizado na indústria como solvente e combustível, pode contaminar bebidas alcoólicas devido a erros de fabricação, fraude ou adulteração. A ingestão de metanol é extremamente perigosa, pois o organismo o metaboliza em substâncias tóxicas como formaldeído e ácido fórmico, podendo causar cegueira e até mesmo a morte.
Tratamento e Antídotos
O tratamento inicial para a intoxicação por metanol visa frear a metabolização da substância. O etanol farmacêutico, que agora será produzido no Brasil, age como antídoto ao competir com a enzima que metaboliza o metanol, reduzindo a formação de metabólitos tóxicos. É crucial procurar atendimento médico imediato ao suspeitar de intoxicação.
Outro antídoto utilizado é o fomepizol, que bloqueia a ação da enzima que quebra o metanol, evitando a formação de formaldeído e ácido fórmico. Embora seja amplamente utilizado em outros países, o acesso ao fomepizol no Brasil é limitado devido à falta de registro. No entanto, a Anvisa autorizou a importação de 2,6 mil frascos a pedido do Ministério da Saúde, que já estão sendo distribuídos às unidades do SUS.